Como fazer o diagnóstico da alergia à proteína do leite de vaca

Como fazer o diagnóstico da alergia à proteína do leite de vaca

Alergias alimentares apresentam incidência de 6 a 8% em crianças com até 3 anos. Os quadros variam desde reações cutâneas, problemas gastrointestinais, mas pode chegar a situações de anafilaxia. A alergia alimentar mais prevalente na infância é a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e, aparentemente, a incidência vem aumentando. Porém, sempre há o questionamento quanto ao aumento do diagnóstico ou se são casos diagnosticados erroneamente. Por isso, trago o post de hoje, baseado no artigo científico de Koletzko et al. (2012).

O quadro abaixo mostra a variedade de sintomas que podem estar associados à APLV.

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Você pode observar que a variedade de sintomas é muito ampla, podendo ser constipação intestinal ou diarreia, urticária, dermatite ou tosse. Todos esses sintomas são comuns na infância em crianças que não apresentam APLV. Então, por isso, é necessário tomar cuidado ao já realizar de imediato um diagnóstico, sem qualquer avaliação mais cuidadosa, pois a APLV impacta na qualidade de vida da criança e na família, em geral. O esquema abaixo mostra como realizar esse diagnóstico.

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Para a grande maioria dos casos, a melhor forma de se fazer o diagnóstico é pela avaliação clínica e, principalmente realizando a dieta de exclusão. No momento da dieta, é importante restringir leite, derivados e os alimentos que contém traços de leite. Essa dieta deve ser mantida por, pelo menos, 4 semanas, existindo literatura que oriente até 8 semanas. Durante esse período, é necessário observar a remissão dos sintomas e, então, realizar a reintrodução do leite para avaliar se os sintomas retornam.

Os autores trazem ressalva sobre os testes laboratoriais. A presença de um resultado positivo no exame de IgE específico para a proteína do leite de vaca e/ou em um prick test indicam uma sensibilidade à proteína do leite de vaca e um processo de resposta imunológica ocorrendo. Porém, esses resultados devem ser interpretados em conjunto com a história clínica e a avaliação pela alimentação. Os resultados quantitativos desses testes ajudam a mostrar a predisposição para que uma reação ocorra e dá indícios do prognóstico, ou seja, como a alergia deve progredir nos próximos meses. No entanto, um teste de provocação é necessário para a grande maioria dos casos, somente devendo ser evitada em casos de reações graves. É importante destacar que crianças com reações gastrintestinais têm menores chances de terem resultados positivos nos exames de sangue, mas um resultado negativo não exclui a APLV. Já a realização de endoscopia somente será útil em casos de crianças com sintomas gastrointestinais importantes, persistentes e explicados, problemas de crescimento e/ou deficiência de ferro. Em geral, o exame é mais útil para identificar outras razões para a alergia, além da  APLV.

Concluindo, é importante também estar atento ao estado geral do bebê. Se ele cresce, ganha peso e se mostra bem na maior parte do tempo, podemos ficar mais tranquilos em relação a possíveis sintomas relacionados à APLV. O acompanhamento com um profissional com experiência no assunto e que seja da área dos sintomas, é fundamental. Se a criança apresenta problemas gastrintestinais, um gastroenterologista pode ser decisivo, mas se a reação é cutânea, ele pode não contribuir tanto. E o nutricionista? Pode auxiliar de qual forma? O nutricionista, no que se refere à alergia, contribuirá na orientação dietética nos momentos de restrição alimentar, a fim de se evitar possíveis “furos” da dieta, e também será o profissional responsável por contribuir para que o estado nutricional do bebê e/ou da mãe sejam mantidos na ausência de determinados alimentos.

Fonte: BLOGMATERNIDADESEM NEURA